O dia 8 de março é reconhecido internacionalmente como o Dia da Mulher. A
data traz importantes contribuições para as reflexões dedicadas a
analisar o modo como o reconhecimento da mulher aparece na esfera
pública contemporânea.
A desigualdade entre homens e mulheres é um traço presente na maioria
das sociedades. No Brasil, por exemplo, país marcado por diferenças
sociais profundas, onde a concentração no acesso a recursos econômicos e
sociais, a desvantagem de oportunidades entre homens e mulheres está
vinculado à permanência dessa arena social.
No processo de suas próprias lutas, a denúncia de opressão imposta às
mulheres e a discussão sobre a participação feminina em diversas arenas
da sociedade fizeram surgir na história frentes das lutas feministas e
redefiniram os debates públicos contemporâneos sobre justiça.
No século XIX e no início do século XX, nos países industrializados –
Inglaterra, França, Alemanha, o trabalho fabril era realizado por
mulheres em jornadas entre 12 e 14 horas por semanas, sem descanso. E
conviviam com a precarização das condições de trabalho e salarial. Assim
como na Europa, a condição de exploração das mulheres operárias no
Brasil, na emergente economia industrial, desde os anos iniciais do
século XX, é uma realidade constatada. A ausência de políticas públicas
adequadas para reduzir a vulnerabilidade das mulheres, na dinâmica
fabril, intensificou a participação delas nos movimentos sindicais e
políticos.
O diálogo sobre a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres,
ou mesmo, sobre as condições de trabalho se estenderam ao Brasil e, a
partir dos anos 1980, a pluralidade de abordagens sobre as questões
femininas – luta pelo voto, acesso à educação, assim como a reivindicação
de direitos iguais no casamento e dos direitos ao divórcio e à
integridade física e o controle de sua capacidade reprodutiva – definiu
discussões teóricas no ambiente acadêmico e também na prática política
brasileira.
Embora a posição das mulheres tenha se modificado nas últimas
décadas, as desvantagens decorrentes ao gênero ainda é patente. Quando
se observa, por exemplo, o rendimento de mulheres e homens e o acesso a
esferas de oportunidades são expostos de forma semelhante, ou ainda a
falta de creches para a conciliação entre a rotina do trabalho e os
cuidados com as crianças menores, e a baixa proporção de mulheres nas
esferas públicas do poder político. Fica claro que o empenho das lutas
feministas pelas conquistas de uma política de reconhecimento ainda não
coincide com o atendimento às reivindicações pelos direitos das
mulheres.